FORMAS DE AMAMENTAÇÃO
Olá pessoal,
nas postagens anteriores falamos sobre a importância do leite materno e sua
superioridade sobre o leite da vaca, hoje focaremos um pouco da arte do cuidar
materno, e bioquímica por trás do que é ser uma mamãe.
A HISTÓRIA
A espécie humana é a única entre os
mamíferos em que a amamentação, além de ser biologicamente determinada, é
condicionada por fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais,
psicológicos e comportamentais. Em função disso, o aleitamento materno deixou
de ser uma prática universal, gerando muitas vezes divergência entre a
expectativa biológica da espécie e a cultura, o que incentivou outras formas de
amamentação diversas à natural.
Segundo diversas teorias baseadas em
informações de primatas não humanos, principalmente gorilas e chimpanzés, que
têm 98% da sua carga genética idêntica à do homem, o período natural de
amamentação para a espécie humana seria de 2,5 a 7 anos. A OMS, endossada pelo
Ministério da Saúde do Brasil, recomenda aleitamento materno por dois anos ou
mais, sendo de forma exclusiva nos primeiros seis meses.
UM POUCO DE ANATOMIA...
A estrutura da mama inclui mamilo e
aréola, tecido mamário, tecido conjuntivo de suporte e gordura, vasos
sanguíneos e linfáticos e nervos. O tecido mamário é formado por alvéolos, onde
o leite é secretado, e ductos, queconduzem o leite ao exterior. A mama possui
de 15 a 20 lobos mamários; cada lobo mamário é formado por 20 a40 lóbulos,
contendo, cada um, 10 a 100 alvéolos.
Os alvéolos são a unidade secretora
da mama, sendo formados por camada única de células epiteliais. Envolvendo os
alvéolos estão as células mioepiteliais, que ao contraírem-se impulsionam o
leite através dos ductos.
O mamilo possui, em média, nove poros
por onde o leite sai da mama para o exterior. Ele é circundado pela aréola,
área mais pigmentada, onde se encontram os tubérculos de Montgomery, formados
por glândulas mamárias e sebáceas (glândulas areolares). Essas glândulas, que
se hipertrofiam na gestação, secretam líquido oleoso que protege a pele do
mamilo e da aréola durante a lactação e dão o cheiro que atrai o bebê à mama.
O tecido mamário desenvolve-se sob a
ação de diferentes hormônios; o estrogênio é responsável pela ramificação dos
ductos e o progestogênio pela formação dos lóbulos. A secreção láctea ocorre a
partir da 16ªsemana de gravidez.
O mamilo possui, em média, nove poros
por onde o leite sai da mama para o exterior. Ele é circundado pela aréola,
área mais pigmentada, onde se encontram os tubérculos de Montgomery, formados
por glândulas mamáriase sebáceas (glândulas areolares). Essas glândulas, que se
hipertrofiam na gestação, secretam líquido oleoso queprotege a pele do mamilo e
da aréola durante a lactação e dão o cheiro que atrai o bebê à mama. Cada
mulher possui, em média, cerca de nove glândulas areolares (0 a 38) em cada
aréola.
A
ocitocina é o hormônio responsável pela ejeção do leite e é influenciada pelo
estímulo de sucção e fatores emocionais maternos (autoconfiança, ansiedade), é
produzido no hipotálamo e armazenado na neuro-hipófise.
É um peptídeo formado por nove ácidos aminados. Na sua molécula pode-se
observar a ligação dissulfeto resíduos de cisteína, além das inúmeras ligações
peptídicas.A ocitocina é também muito conhecida como o hormônio da fidelidade. Já
a prolactina é um hormônio
secretado pela adeno-hipófise, formado por 198 aminoácidos, responsável por incitar a síntese de
leite pelas glândulas mamárias e o aumento das mamas.
TÉCNICA DE AMAMENTAÇÃO
Apesar de a sucção do bebê ser um ato
reflexo, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma efi ciente.
Quando o bebê pega a mama adequadamente – o que requer uma abertura ampla da
boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola –, forma-se
um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo,
indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê.
Pontos-chave do posicionamento adequado
1. Rosto do bebê de frente para a
mama, com nariz na altura do mamilo;
2. Corpo do bebê próximo ao da mãe;
3. Bebê com cabeça e tronco alinhados
(pescoço não torcido);
4. Bebê bem apoiado.
Pontos-chave da pega adequada
1. Mais aréola visível acima da boca
do bebê;
2. Boca bem aberta;
3. Lábio inferior virado para fora;
4. Queixo tocando a mama.
Uma posição
inadequada da mãe e/ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento
correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, resultando no que se
denomina de “má pega”. A má pega dificulta o esvaziamento da mama, levando a
uma diminuição da produção do leite. Muitas vezes, o bebê com pega inadequada
não ganha o peso esperado apesar de permanecer longo tempo no peito. Isso
ocorre porque, nessa situação, ele é capaz de obter o leite anterior, mas tem
dificuldade de retirar o leite posterior, mais calórico e, rico em lipídios e
proteínas.
Por hoje é só pessoal!!
Esperamos vocês na próxima postagem sobre
patologias associadas ao aleitemento.
Até mais!!
REFERÊNCIAS
Brasil.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar
/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009.
Brasil.
Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas. Cartilha para a mãe trabalhadora que amamenta.
Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Cartilha elaborada pelo Ministério da
Saúde contendo informações valiosas para a mulher trabalhadora.
NUCLEOS MEDICAL MEDIA : https://www.youtube.com/watch?v=7jgGcyDBBOY
É muito importante o aleitamento materno para o vinculo do bebê com a mãe. Isso é obvio, mas por trás dessa afetividade se esconde inúmeros mecanismos que defendem o bebê contra várias doenças. Daí a importância de a mãezinha optar em aleitar o seu bebê desde os primeiros dias de vida. Além disso, o aleitamento materno é uma estratégia bastante eficaz contra a mortalidade infantil tal como dito pela pesquisadora Elsa Regina em seu artigo sobre aleitamento materno: "O efeito mais dramático da amamentação se dá sobre a mortalidade na infância, graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções comuns em crianças. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% de todas as mortes por doenças evitáveis de crianças abaixo de cinco anos em todo o
ResponderExcluirmundo. Segundo estudo de avaliação de risco, no mundo em desenvolvimento poderiam ser salvas 1,47 milhões de vidas por ano se a recomendação de aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado por dois
anos ou mais fosse cumprida. Atribui-se ao aleitamento materno subótimo 55% das mortes por doença diarreica e 53% das causadas por infecção do trato respiratório inferior em crianças dos 0 aos 6 meses; 20% e 18% dos 7 aos 12 meses, respectivamente; e 20% de todas as causas de morte no segundo ano de vida.
Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores de cinco anos.
Parabéns pelo post!!!
Para saber mais leiam:
http://www.ufrgs.br/pediatria/z3_1_5_biblio_files/Giugliani_Aleitamento_materno_Aspectos_gerais.pdf
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGRUPO M:
ResponderExcluirMuito interessante a postagem por destacar a importância do uso das técnicas adequadas no processo de amamentação, além da ênfase anatômica e fisiológica relacionada a esse processo, citando a importância dos hormônios ocitocina e prolactina na amamentação, sendo a prolactina responsável pela ejeção do leite e a prolactina por incitar a síntese do mesmo pelas glândulas mamárias e o aumento das mamas. Porém, gostaríamos de ressaltar a importância não só desses dois hormônios, mas de todo o sistema endócrino no complexo processo de amamentação, mais especificamente na síntese do leite. É a regulação hormonal que induz, modula ou bloqueia os diferentes eventos relacionados com a lactogênese, e que envolve além dos dois hormônios citados na postagem, hormônios que atuam como fatores de liberação da prolactina, glicocorticoides, Hormônio do crescimento, paratormônio e a calcitocina, e, inclusive, é importante destacar também a ausência de alguns hormônios, como a progesterona, uma vez que esta inibe a lactogênese, o que explica o porquê a secreção láctea aumenta gradualmente depois do parto, já que os níveis de progesterona caem. Basicamente se requerem três fatores para que a ação endócrina possa controlar a lactação: o número de células mamárias, a atividade das células epiteliais e a manutenção de um eficiente reflexo para a ejeção do leite.
GAONA, Rômulo Campos. Papel dos hormônios na amamentação. UFRGS: Porto Alegre, 2001.
GRUPO I
ResponderExcluirÓtimo post! É importante lembrar que é relativamente recente o conhecimento de que o posicionamento adequado da dupla mãe/bebê e a pega/sucção efetiva do bebê favorecem a prática da amamentação exclusiva. Uma posição da mãe e/ou do bebê que dificulta o posicionamento adequado da boca do bebê em relação ao mamilo pode resultar no que se denomina de má pega. Esta, por sua vez, interfere na dinâmica de sucção e extração do leite materno, podendo dificultar o esvaziamento da mama e levar à diminuição da produção do leite. Como conseqüência, a mãe pode introduzir precocemente outros alimentos, contribuindo, assim, para o desmame precoce. Um estudo mostrou que uma orientação sobre técnica adequada de amamentação na maternidade pode reduzir a incidência de mulheres que relatam baixa produção de leite5. Além disso, a pega inadequada pode gerar lesões mamilares, causando dor e desconforto para a mãe, o que pode comprometer a continuidade do aleitamento, caso não seja devidamente corrigida.
Ótima postagem, como sempre muito interessante e enriquecedor! E após anos de ser "deixado de lado" com o aprimoramento da indústria do leite, a importância do aleitamento principalmente nos primeiros seis meses de vida tem retomado a mídia e o consciente das novas mamães. Estudos epidemiológicos, clínicos, comportamentais e de base experimental estão ajudando a aumentar ainda mais a reforçar a crucialidade do aleitamento bem realizado, reduzindo o índice de enfermidades e mortalidade infantil.
ResponderExcluirGRUPO J
ResponderExcluirÓtima postagem! É importante ressaltar que vários estudos sugerem que uma boa técnica de amamentação nos primeiros dias após o parto está associada com a duração do aleitamento materno. Na Suécia, Righard & Alade observaram que as crianças que tinham pega inadequada (sucção apenas do mamilo) no dia da alta da maternidade tinham chance 10 vezes maior de receber mamadeira no primeiro mês, quando comparadas com as crianças com pega adequada ou que tiveram a sua pega corrigida na maternidade. Aos 4 meses, a prevalência de aleitamento materno era de 40% no primeiro grupo e de 74% nos outros dois. Na Austrália, mulheres que receberam orientações quanto ao posicionamento e pega do bebê na 36ª semana de gestação tiveram maior prevalência de aleitamento materno 6 semanas após o parto, quando comparadas com grupo controle (92 versus 29%, respectivamente). Em Bristol, Reino Unido, houve aumento significativo nas taxas de aleitamento materno exclusivo com 2 e 6 semanas pós-parto e de aleitamento materno com 2 semanas quando as mulheres recebiam orientação na maternidade sobre a técnica correta de amamentação, quando comparadas com a população de mulheres que tiveram seus filhos no mesmo hospital antes da intervenção.
REFERÊNCIA:
WEIGERT, Enilda M. L. et al . Influência da técnica de amamentação nas freqüências de aleitamento materno exclusivo e lesões mamilares no primeiro mês de lactação. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre , v. 81, n. 4, p. 310-316, Aug. 2005 .
Ótima postagem! Sempre é importante ressaltarmos a importância da amamentação, ainda mais nos primeiros 6 meses de vida como já citado no blog e em alguns comentários. Assim, com o objetivo de fazer mais campanhas para incentivar as mães a alimentarem os seus filhos com leite materno, ao invés do leite industrializado, foi criado o Dia Mundial da Amamentação! Esse comemorado no dia 1º de Agosto. Estranho pensarmos que precisamos de uma data comemorativa para lembrarmos as pessoas de um fato tão importante, mas vale notar que muito já foi feito e a amamentação está voltando à mídia cada vez mais. A prova disso é que desde abril desse ano é lei em São Paulo: toda mulher tem o direito de amamentar o filho em qualquer lugar, sem ser incomodada. Quem não respeitar pode ser multado. O estabelecimento que proibir ou constranger a mulher de amamentar pode ser multado em R$ 500. Uma lei que vai ajudar a proteger as mães. E a mãe também tem benefícios com a amamentação, pois perde peso mais rápido após o parto, e ainda reduz o risco de câncer de mama. Com a amamentação feita de maneira correta, todo mundo sai ganhando (:
ResponderExcluirFico no aguardo de novas postagens!
Ótima postagem principalmente por abordar a técnica certa da mãe amamentar o bebê e como foi dito uma "pega" errada pode dificultar o bom desenvolvimento do bebê. Todos sabemos que é recomendado que o bebê seja alimentado com leite materno por dois anos ou mais, e há inúmeros estudos comprovando que não há melhor alimento pro bebê que o leite materno por n-motivos. O corpo da mãe produz e libera ocitocina desde o parto e continua até o aleitamento, tudo para garantir um bom vínculo como o bebê o que garantirá um aleitamento adequado, isso é mais uma prova de que tudo contribui para este ato, então porque não fazê-lo? Não há nada que impeça, pelo contrário, deve ser estimulado sempre.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGrupo K
ResponderExcluirAchei muito interessante, principalmente, o fato de a "má pega" não fornecer o leite mais calórico. Isso, nos mostra que não adianta produzir um monte de leite, ter os hormônios funcionando(ocitocina, prolactina) se na hora da amamentação a técnica é efetuada incorretamente. Informação interessante também é de que a mama tem glândulas que produzem um cheiro que atrai o bebê, como é dito no post.