sábado, 23 de maio de 2015

Leite humano pode ser estocado ?

Olá, pessoal !
A postagem da semana será sobre o leite humano ordenhado que será estocado, isso mesmo, ordenhado… o termo pode parecer estranho, mas a prática é muito mais comum e necessária do que parece.
Então vamos lá...
fisiomadres.blogspot.com

O QUE É LEITE HUMANO ORDENHADO?
Algumas mães produzem mais leite do que seus filhos necessitam e, após algumas triagens que envolvem tempo de amamentação, idade, estado geral de saúde, elas podem doar seu leite para o Banco de Leite Humano (BLH), e é esse leite que é o ordenhado.
O BLH é um centro responsável pela coleta, processamento e distribuição desse leite, e há toda uma legislação que regula suas atividades. Caso haja interesse, vocês podem ler mais sobre o assunto no site da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano: http://www.redeblh.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=273

QUAIS OS PRÉ-REQUISITOS PARA O PROCESSAMENTO DO LEITE?
No leite são avaliados segundo os aspectos sensoriais (ausência de sujidades, cor e off-flavor característicos), os físico-químicos (acidez Dornic entre 1 e 8ºD e crematócrito) e os microbiológicos (ausência de coliforme a 35ºC), caso não preencham as especificações são descartados. Após o descarte, os demais leites vão continuar o processamento, no qual ele vai ser congelado e pasteurizado a 62,5 ºC por 30 minutos.
QUAL A COMPOSIÇÃO BÁSICA DO LEITE APÓS A PASTEURIZAÇÃO?
Leite
Humano
Carboidratos (%)
Proteínas (%)
Minerais (%)
Antes do
congelamento
8,16 ± 0,68
0,93 ± 0,32
0,15 ± 0,06
Após o
congelamento
7,28 ± 1,87
1,87 ± 1,40
0,15 ± 0,04
Após a
pasteurização
6,85 ± 2,87
1,98 ± 1,18
0,14 ± 0,03
Sousa PPR, Silva JA. Monitoramento da qualidade do leite humano ordenhado e distribuído em banco de leite de referência. Rev Inst Adolfo Lutz. São Paulo, 2010; 69(1):7-14.


Leite Humano
Teor de lipídios totais (%)
Valor energético total – VET (Calorias)
Antes do
congelamento
4,07 ± 0,30
73,00 ± 2,68
Após o
congelamento
2,51 ± 0,88
56,19 ± 7,59
Após a
pasteurização
1,97 ± 0,33
55,58 ± 3,62
Sousa PPR, Silva JA. Monitoramento da qualidade do leite humano ordenhado e distribuído em banco de leite de referência. Rev Inst Adolfo Lutz. São Paulo, 2010; 69(1):7-14.


POR QUE HÁ TANTAS PERDAS NUTRICIONAIS?
Como podemos verificar nas tabelas acima, o leite após a pasteurização sofre muitas perdas nutricionais, e isso é uma consequência das muitas variações de temperatura, exposição a luz e ao oxigênio, entre outros fatores.
Apesar da importância do tema, são poucos os estudos que envolvem como ocorre essa perda. Um dos poucos nutrientes estudados, é a vitamina A.
www.chemistry.wustl.edu

O retinol apesar de sua resistência as variações de temperatura, é muito passível a ação dos raios ultravioletas, por serem fotossensíveis, e nos ambientes em que são processados há muito exposição a luz. Além disso as micro-ondas do forno utilizado para descongelamento, também provoca alterações. Medidas simples, como embalar os frascos em que é armazenado o leite com papel alumínio, poderia reduzir em muito as perdas nutricionais, não apenas da vitamina A mas de muitos outras substâncias também fotossensíveis.

E aí, gostaram ?!
Até a próxima pessoal !


terça-feira, 12 de maio de 2015

A Influência do Aleitamento no Vínculo Mãe-Bebê

  Fala galera! No post de hoje discutiremos um pouco sobre a relação mãe-bebê e de que forma o aleitamento materno contribui para isso.


  Dar de mamar é um ato de amor e carinho:



  A amamentação faz o bebê sentir-se querido, seguro. Dar de mamar ajuda na prevenção de defeitos na oclusão (fechamento) dos dentes, diminui a incidência de cáries e problemas na fala. Além disso, bebês que mamam no peito apresentam melhor crescimento e desenvolvimento. Trabalhos científicos identificam que essas crianças tem melhor desenvolvimento cognitivo. O leite materno é o alimento ideal, não sendo necessário oferecer água, chá e nenhum outro alimento até os seis meses de idade.
  
  Pesquisas apontam que o ato de amamentar aumenta os laços afetivos. Os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho fortalecem os laços afetivos, e o envolvimento do pai e familiares favorece o prolongamento da amamentação. Amamentar logo que o bebê nasce diminui o sangramento da mãe após o parto e faz o útero voltar mais rápido ao tamanho normal, e a diminuição do sangramento previne a anemia materna.
  
  A análise de dados coletados em pesquisas indicaram que, já em seu início, a relação extrauterina tem uma qualidade única e que cada criança possui um jeito muito próprio de desenvolver uma comunicação com sua mãe. Sensações agradáveis, como bem-estar e tranquilidade, traduzidos pelo ‘’ torpor’’ e sonolência da mãe e do bebê evidenciam vantagens do aleitamento. A influência direta positiva de terceiros, sentimentos de fascinação e de encantamento nas situações de cumplicidade da mãe e do bebê tornam esse ambiente ainda mais saudável.
  
  Sabe-se que o desenvolvimento corporal aliado a fatores ambientais constitui a realidade psíquica do ser humano. Ao contrário das outras espécies, o ser humano é completamente dependente ao nascer, não dispondo de aparatos suficientes que lhe permitam sobreviver. A mãe, na categoria de objeto externo, é, portanto, fator fundamental para sua sobrevivência e para a constituição dessa realidade psíquica.
  
  E como o bebê se sente?



  Klein (1969) preconiza que, logo ao nascer, o bebê entra em contato com suas primeiras necessidades físicas e orgânicas e esse contato suscita no bebê um medo de desintegração (ansiedade de morte). Diante desta necessidade orgânica, instala-se no bebê uma luta psíquica entre os instintos de vida e de morte, onde ele se organiza tanto para satisfazê-las como para negá-las. Neste sentido, se esclarece que o bebê possui forças pulsionais (de amor e de ódio) que, ao ameaçarem sua integridade, geram a ansiedade de aniquilamento e suscitam a projeção e introjeção de fantasias e o fenômeno da identificação projetiva. A amamentação e o contato com a mãe desfazem essa ansiedade sentida pelo bebê.
  
  A alimentação ao seio possibilita que se estabeleça um vínculo mãe-filho forte, especial, quase imediato, e as consequências da não construção desta relação à curto prazo deve ser motivo de preocupação e cuidado pela equipe perinatal. Como afirma Melanie Klein:
"...É o seio da mãe e tudo o que o seio e o leite representam na mente da criança: isto é, amor, bondade e segurança".
  
  Diante deste fato transcendente no começo da vida humana os pediatras, obstetras, enfermeiras, parteiras, mães e pais devem ter suas ações voltadas para a permissão deste "encontro" ao nascimento e nos primeiros dias pós-parto.
  
  A amamentação é muito mais do que um método perfeito de nutrir os lactentes, porque além disso está o contato pele-a-pele com o seio, com o colo e as mamas maternas que propiciam um melhor desenvolvimento neuro-psicomotor das crianças, significando a construção de um vínculo íntimo e cúmplice entre mãe e filho com consequências positivas para a família por toda a vida.
  

  

  Nos primeiros meses, o melhor para o bebê é ser cuidado pela mãe. Ela deve aproveitar os momentos da troca de fralda e do banho para conversar com o bebê, cantar baixinho, massagear o corpo dele, olhá-lo nos olhos.
  Como saber se o vínculo entre mãe e bebê está sendo estabelecido:
• Durante a amamentação, o bebê procura o olhar da mãe e ela olha para ele.
• Quando o bebê está chorando e a mãe o pega no colo, ele se acalma.
• Quando a mãe está bem perto do bebê, ele tenta acompanhar, com os olhos, os movimentos dela.
  Os sentimentos de fascinação e de encantamento nas situações de cumplicidade caracterizam a intensidade dessa relação.

  Relação com a liberação de Oxitocina ( '' o hormônio do amor''):

  Esse hormônio produzido pelo hipotálamo tem relação com a liberação do leite materno e com sentimentos de apego e empatia.




  Então é isso pessoal! Esperamos que a leitura seja proveitosa.
  Até a próxima postagem!



Referências:
SAMPAIO, Marisa Amorim. Psicodinâmica interativa mãe-criança e desmame. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Recife-pe, v. 26, n. 4, p.613-621, out. 2010.

FREITAS, Cintia Helena Bulgarelli. Relação mãe-bebê logo após o parto e na amamentação: a identificação projetiva realista, pelos sentimentos e sensações do observador. Psicólogo Informação, São Paulo-sp, v. 10, n. 4, p.84-101, jan. 2006.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A RELAÇÃO ENTRE O LEITE DE VACA E O DIABETES TIPO 1

Olá, pessoal! Relacionaremos na publicação de hoje as possíveis influências do leite de vaca  sobre o diabetes tipo 1.

É sabido que muitas doenças crônicas são causadas por dietas desequilibradas.  O termo usado para indicar alimentos que contêm componentes promotores da saúde e não somente nutrientes tradicionais é alimento funcional. Deste ponto de vista, o leite e derivados pertencem à família dos alimentos funcionais, repletos de peptídeos bioativos, bactérias probióticas, antioxidantes, cálcio altamente absorvível, ácido conjugado linoléico e outros componentes biologicamente ativos.

O QUE É DIABETES TIPO 1?

O diabetes mellitus tipo 1  ou dependente de insulina ocorre em indivíduos geneticamente susceptíveis, como consequência direta de um processo autoimune, que leva à destruição das células beta das ilhotas de Langerhans no pâncreas. É um processo crônico, com um período médio provável de latência de 10 anos. O pico de incidência da doença ocorre na faixa etária de 10 a 14 anos. Indivíduos com risco de desenvolver essa doença podem ser identificados pela presença, no soro, de auto-anticorpos anti-células das ilhotas, anti-insulina, anti-ácido glutâmico dexcarboxilase, anti-tirosina fosfatase e por uma diminuição da capacidade de produzir insulina.

FATORES ENVOLVIDOS

Diferentes fatores ambientais podem estar envolvidos na iniciação e manutenção do processo autoimune, entre eles, as viroses, especialmente aquelas relacionadas ao vírus Coxsackie B, ao citomegalovirus, ao da varicela, ao da rubéola e ao do sarampo. As relações entre o DM1 e 1) algumas toxinas, como por exemplo as nitrosaminas, 2) o estresse emocional e 3) diferentes componentes da dieta, como o leite materno (LM), o leite de vaca (LV), o leite de soja, as carnes defumadas, a água com alto teor de nitrato (efeito tóxico), a idade da introdução de alimentos sólidos na dieta infantil e o consumo de café e de açúcar pela mãe durante a gestação, também têm sido investigadas.

PERCALÇOS DE PESQUISADOR

            Uma dificuldade para interpretar, como causais, as associações encontradas entre o DM1 e os diferentes fatores de risco é que a destruição das células beta pancreáticas pode ter sido iniciada muitos anos antes do aparecimento clínico da doença, incluindo o período intra-uterino; essas associações podem refletir a presença de certos fatores precipitantes da doença e não, necessariamente, a de promotores da destruição das células beta. Há evidências que apontam o leite materno e o leite de vaca, respectivamente, como fator de proteção e de risco para o DM1.

 BIOQUÍMICA DO LEITE...

O aleitamento ao seio poderia ser capaz de modificar a história natural do DM1, protegendo a criança contra doenças viróticas, evitando ou retardando o aparecimento da doença. Além disso, o LM compensaria a deficiência na produção de imunoglobulinas e protegeria a criança contra infecções do trato gastrointestinal.
A semelhança observada entre uma dada seqüência de amino-ácidos da albumina bovina (AB) e a proteína p69, encontrada na superfície das células beta pancreáticas, cuja presença é mediada pelo gama-interferon, sugere que o LV poderia ser um desencadeador do DM 1 . O sistema imune identificaria na albumina uma seqüência de 17 amino-ácidos diferente daquela observada na mesma proteína em humanos, produzindo anticorpos contra ela. Esses anticorpos seriam capazes de reagir com a proteína p69, cuja expressão na superfície celular ocorreria a partir de sucessivos eventos infecciosos e não relacionados, que levariam à produção de gama-interferon. O longo período de latência da doença seria explicado, pela natureza temporária de tais episódios.
A redução da resposta imune contra a albumina, observada algum tempo após o diagnóstico do DM1, fortalece, a existência de relação causal entre o diabetes e o consumo do LV.
A albumina é a proteína plasmática mais abundante; é encontrada no sangue de todos os mamíferos e uma pequena parte, aproximadamente 1% do total de proteínas, está presente no leite. Fórmulas baseadas em LV são frequentemente consumidas por ocasião do desmame ao seio. Concentrações
de AB iguais ou superiores àquelas encontradas no LV foram observadas em produtos lácteos infantis; se a AB é um desencadeador do DM1, sua presença em alguns produtos é particularmente perigosa, dado que, em geral, são consumidas em uma fase da vida em que o sistema digestivo ainda está imaturo.

OPINIÃO PROFISSIONAL



CONCLUSÃO

Tendo em vista as evidências existentes até o momento, não se pode afirmar que o desmame precoce e a consequente introdução do LV na alimentação infantil sejam causa de DM1; a importância desses fatores e da reatividade da albumina para o desenvolvimento do DM1 permanece controversa. Acredita-se ser indicada, como forma de prevenir o aparecimento do DM1, a amamentação exclusiva ao seio por pelo menos seis meses, evitando-se a introdução precoce, na alimentação infantil, do leite de vaca e de seus derivados.


REFERÊNCIAS

GIMENO, S.G., SOUSA,J.M.P. Amamentação ao seio, com leite de vaca e diabetes mellitus tipo 1. Revista Brasileira de epidemiologia. Vol. 1
ZEMEL, MB. Calcium modulation of hypertension and obesity: mechanism and
implications. J. Am. Coll. Nutr., 2001: 428S-435S.

· www.dairyaustralia.com.au . Diabetes. Dairy Australia, 2005.

Por hoje é só pessoal!!
Até a próxima postagem!!